domingo, 12 de julho de 2009

Futebol Sem Proselitismo Religioso? Tomara!

Seguidamente critico a FIFA, não gosto do Blatter e acredito verdadeiramente que a entidade máxima do mais popular esporte do Mundo tem em muito deixado o futebol menos atraente para os verdadeiros apaixonados. Porém não posso deixar de (com o perdão da expressão) louvar a decisão da FIFA ao proibir manifestações que tenham o intuito de propagar essa ou aquela fé.

O proselitismo religioso de alguns jogadores extrapola o limite do aceitável, e isso é extremamente perigoso quando se usa as condições tecnológicas dos grandes meios de comunicação que estão cobrindo um evento esportivo de repercussão e interesse mundial. Na final da última Copa das Confederações, por exemplo, os jogadores Lúcio, Kaká e Luís Fabiano exibiram camisetas com mensagens alusivas às suas crenças religiosas, o ato pode apenas ser encarado como uma manifestação pessoal, mas é muito maior do que isso. Acho interessante ressaltar alguns pontos e apontar diferenças entre eles:


Primeiro: acho importante que se combata o proselitismo religioso, ou mais precisamente, o marketing religioso nos campos de futebol. É diferente da comemoração espontânea de um jogador que comemora um gol agradecendo ao seu Deus, seja ele qual for. É diferente também de certos rituais como a oração antes e depois do jogo, do sinal da cruz ao entrar, ou de mandingas que costumeiramente se coloca no gramado como um pedido de sorte e/ou proteção.

Segundo: tem o jogador o direito de se manifestar, porém a propaganda oportunista de uma fé dentro das quatro linhas é um desrespeito aos expectadores, pois ignora a existência de um público tão diverso em suas crenças e convicções.

Terceiro: futebol hoje é um negócio, algumas Igrejas perceberam isso e tem em alguns jogadores seus garotos-propaganda. O que é Kaká para a Renascer em Cristo, da Bispa Sônia e do apóstolo Estevam Hernandes, senão um grande difusor de uma crença? Até aí nenhum problema, e nem da Renascer ter nome atrelado publicamente a um jogador que do nível de Kaká, que também passa a imagem de bom-moço. Porém do ponto de vista ético - e acreditem se quiserem, mas há uma ética no mercado publicitário - essas manifestações roubam o espaço de patrocinadores oficiais, aqueles que investiram dinheiro para que a realização do evento esportivo, e as suas marcas aparecem juntas a uma concepção religiosa.

Quarto: manifestações de torcedores são diferentes de uma manifestação de jogador. A torcida do Fluminense cantava (e imagino que ainda canta) "A benção João de Deus", por exemplo. É uma manifestação interessante e faz parte da liberdade que as torcidas têm de expressar de maneira coletiva aquilo que representam e acreditam, muitas vezes até passando do ponto e tendo comportamentos lamentáveis, como manifestação de cunho racista ou xenofóbico. Porém, pelo histórico libertário e espaço de expressão do sentimento coletivo, as arquibancadas têm respaldo para qualquer manifestação.

Quinto: o proselitismo tão em voga hoje nos gramados é diferente uma manifestação política da qual temos vários exemplos, os Panteras Negras, para ficar em apenas um. Usar um espaço para protestar contra determinada situação política ou social é válido no momento que é a única maneira de chamar a atenção da opinião pública. As mesmas religiões que tem em atletas como Kaká os seus pupilos, possuem um bom espaço em canais de televisão, ou mesmo os próprios canais para propagar e propagandear as suas verdades teológicas, (usando inclusive concessões públicas para isso, mas é assunto para outro texto). Tentando achar um exemplo compatível ao detestável proselitismo religioso no mundo da política; é como se um jogador brasileiro no momento de erguer o troféu recém conquistado, diante de milhares de pessoas no estádio e milhões na frente da televisão, ostentasse uma camiseta vermelha com uma estrela e um 13 ou um bonezinho azul em que o canarinho fosse trocado pelo tucano.

Desde os ditos Atletas de Cristo, essa prática de usar atletas para atrair a atenção de público para determinada denominação religiosa tem sido uma constante. A FIFA, entidade internacional, respeitando a diversidade religiosa e cultural dos amantes do futebol, e também pensando em seus negócios, toma a acertada decisão de proibir os abusos. Quanto aos jogadores, entendam que podem e devem manifestar a sua fé, e não há problema nenhum em fazer isso em um campo de futebol, entretanto não há a necessidade das manifestações ocorrerem de maneira invasiva, amoral e desrespeitosa para com os torcedores, clubes/federações/confederações, torneios/campeonatos e patrocinadores.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Decisão do STF - Algumas considerações

Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal decidiu pelo fim da obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Apesar do abatimento inicial, a questão faz refletir muito sobre os rumos do jornalismo no Brasil a partir da medida. Não sejamos inocentes de imaginar que a questão fechou com a decisão do STF, ela ainda continua em aberto.

O que se vê entre os estudantes de jornalismo é um misto de consternação e vontade de ação. Aliás, com um movimento sindical extremamente fraco, talvez pela proximidade da profissão com os detentores da mídia e do poder político e econômico, é a mobilização dos estudantes de jornalismo, com a força política das universidades, particulares em especial, que poderá reverter a atual situação.

Mas qual o cenário que se imagina com o fim da exigência do diploma? Andei pensando e lendo muito a respeito (fica a dica: o observatório da imprensa é o melhor fonte para quem quer se inteirar do assunto: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/), vendo aspectos positivos e negativos na decisão.

Sempre fui da opinião que a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício jornalístico era ultrapassada. De que a necessidade era de uma discussão de quais os rumos a serem tomados pelos cursos de jornalismo e, principalmente, uma melhora urgente na qualidade dos cursos. Por hora, a decisão do STF trava qualquer possibilidade de melhora qualitativa nas graduações em jornalismo.

Sou aluno de uma universidade pública federal, todos sabem o quão difícil é entrar em uma UF no Brasil. Eu tive que lutar, acabei por conquistar uma tão sonhada vaga e, perdidamente, me apaixonei pelo jornalismo. O sentimento de tristeza vem disso, lutei para que? Para algo que não vale mais nada? Nestas horas, entendo ainda mais o sentimento de revolta de acadêmicos que no final do curso em uma universidade privada são acometidos pelo mesmo sentimento de perda.

Acontece que de fato não imagino que o diploma perca a sua importância. Concordo que a decisão desmoraliza a profissão e o sentimento de classe, mas no que tange ao diploma em si, imagino que, como acontece em áreas não regulamentadas, caso da publicidade, ele acabe sendo um diferencial que conta a favor do diplomado.

Um dos grandes méritos da obrigatoriedade do diploma, que vigora desde 1969, é que contribuiu para a profissionalização do jornalismo no Brasil. O grande efeito colateral é que produziu uma reserva de mercado que potencializou a criação de inúmeras escolas de jornalismo para que se furasse a barreira imposta pelo diploma. Entre estas escolas, surgidas num verdadeiro boom, a quantidade esteve sempre acima da qualidade. O número absurdamente alto de jornalistas no mercado de trabalho é um reflexo desde sistema. Numa tendência natural, escolas criadas com o intuito apenas de passar pelo filtro da legislação tendem a sumir. A maioria destas escolas é privada (por favor, não estou generalizando, há inúmeros excelentes cursos de jornalismo em universidades pagas), sem o diploma, acaba o leilão de diploma para jornalista (fenômeno ainda mais freqüente em cursos como Administração de Empresas, por exemplo).

Mesmo sendo uma conseqüência boa, obviamente, é a solução errada! Uma maior exigência para a abertura de cursos de jornalismo e o conseqüente acompanhamento do curso era uma obrigação do MEC, mas principalmente da ápatica FENAJ. O direcionamento dos programas de pós-graduação para formações que não sejam estritamente acadêmicas e que forneçam jornalistas capacitados para atuar de forma especializada em determinadas áreas da profissão é uma necessidade antiga e jamais atendida. A discussão deveria ser por aí, jamais na obrigatoriedade ou não do diploma.

Como o grande prejuízo, imagino inicialmente um jornalismo desmoralizado como classe e suscetível a servir ainda mais para um sistema que por muito tempo já se instalou nestas terras. Como bem sabemos, as concessões de rádio e TV foram por muito tempo quase que somente políticas e serviram como troca em negociações de apoio aos governantes que passaram pelo palácio da Alvorada. Devido isso, boa parte das difusoras no país está nas mãos de políticos. Sem uma exigência mínima, qual critério será usado por esses políticos na contratação de "jornalistas"? Qual seria a diferença entre o "jornalista" e um, como lembrou o ministro Joaquim Barbosa, capanga do também magistrado Gilmar Mendes?

Tenho a certeza que a academia e as atividades práticas de um bom curso de jornalismo me dará uma vantagem no mercado que a minha parte liberal, aquela que acredita na auto-regulamentação do mercado de trabalho na área jornalística, vislumbra. Porém nada me deixa mais com uma pulga atrás da orelha que a qualidade da informação e, por conseqüência da democracia, no arcaico Brasil das oligarquias regionais e suas cadeias de comunicação infestadas de pseudo-jornalistas, exercendo a profissão sem nenhum conhecimento teórico e transformando o jornalismo em cabide de emprego para partidários.

sábado, 11 de abril de 2009

Feliz Páscoa!!!

Muito já se falou do significado da Páscoa para o Cristianismo, muito já se falou também de como hoje as pessoas esquecem do significado real que a data representa. Por isso, explicar a Páscoa do ponto de vista religioso ou reclamar da mercantilização da data é chover no molhado. A Páscoa é considerada o evento maior para os cristãos e por isso a nós enchemos nossas crianças de chocolate, inventamos um personagem esdrúxulo (um coelho que além de colocar ovos de chocolate é macho), o comércio vende, o dinheiro circula e ficamos todos felizes. É assim que as coisas funcionam e deu!

A Páscoa, termo de origem hebraica derivado de Passach (que se refere a libertação dos hebreus da escravidão no Egito Antigo), representa para os seguidores do Cristianismo a ressurreição, três dias depois de ser morto na Sexta-Feira Santa, de Cristo. Mas pensando bem, que ressurreição estamos presenciando agora, quando acabamos de adentrar em mais uma Páscoa, cerca de 1976 ou 1979 anos depois de um certo domingo onde, dizem, ocorreram coisas estranhas em uma Jerusalém sob julgo romano.

No Sábado de Aleluia italiano, onde já se contam 239 mortos vítimas de um terremoto, a ressurreição chegou para um belo cãozinho, sem berço nem documento, que foi salvo pelo corpo de bombeiros em L'Áquila. (foto abaixo).



Para nós, os brasileiros, a Páscoa não ressuscitou ninguém. E bem que poderia, mas a cidade paranaense de Londrina não deu sorte e o concurso 1.064 da Mega-Sena não teve ninguém que acertasse as 6 dezenas (04- 16- 19- 28- 29- 49). A quina foi dividida entre 74 ganhadores, cerca de 15 mil pra cada um. A estimativa é que estejam em jogo 17 milhões no próximo sorteio, já durante o período que o calendário canônico chama de Pentecostes.

Nos EUA, mais precisamente na Califórnia, a onda de ressurreição é na telona. Estão sendo filmados alguns remakes da década de 80, como 'Footloose', 'A hora do pesadelo', 'Karatê Kid', 'Robocop - O policial do futuro', 'Arthur - O milionário sedutor", "Os caça-fantasmas" e "História sem fim".

Quem também está tentando ressuscitar é Courtney Love, que lançará um disco este ano (chamado 'Nobody's daughter', foto de divulgação na seqüência), mas ainda acho que depois de 15 anos é o Kurt que continua vivo. Ela parece que já foi desta para uma melhor (ou pior, depende do ponto de vista), mas sempre tem uma notinha de jornal ou uma gravadora que teima em ressuscitar a "ex-rainha do grunge".



Vistos como vilões pelos profissionais da saúde, que muitas vezes até podem ressuscitar alguém, cigarros e bebidas deram um fôlego legal para a arrecadação brasileira e são a aposta do Ministério da Fazenda para compensar que os cortes no IPI e no Cofins.

Morto no campeonato do Qatar ao ver o seu Al-Rayyan empatar em 1x1 com o Al-Saad, o treinador brasileiro bi-campeão da América, Paulo Autuori (com um cara de turbante na foto abaixo), pode ressuscitar no Imortal Grêmio, igualmente bi-campeão da mais importante competição dos gramados desta terra descoberta por Colombo e que leva em sua denominação uma homenagem ao navegador Américo Vespúcio.



Terreno fértil para a ressurreição de coisas que deveriam sumir, a política brasileira que volta e meia ressuscita o Collor, o Sarney, o Maluf, o PFL travestido com o tragicômico nome de Democratas, (mas que não ressucitou nem o Clodovil e nem o Ulisses Guimarrães, e tentou, mas não logrou êxito em fazer Brizola voltar a vida), está ressuscitando outro nome: Delúbio Soares (foto abaixo), o ex-tesoureiro do PT nos tempos do mensalão, está articulando voltar para o partido do qual foi expulso e disputar as eleições em 2010. Segundo o jornal O Globo em sua versão online, o goiano Delúbio foi até paraninfo de uma turma de formandos em Itumbiara.



Como podemos ver, Páscoa é tempo de ressurreição, de renovar as esperanças. Então, com o bom espírito cristão, boa sorte para Delúbio, Courtney, o cachorrinho na Itália, Autuori, mas principalmente para todos vocês, a começar pelos 17 milhões da Mega-Sena.

Uma Feliz Páscoa para todos!!! Repleta de renovações!!!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Xenofobismo Barrabrava

É triste, mas comum, ver em estádios europeus as torcidas organizadas entoando cantos racistas, e levando faixas de com conteúdo xenofóbico, a equipe italiana da Lazio, por exemplo, é conhecida por manifestações neofacistas nos estádios de futebol. Na verdade encaro isso como uma consequência da globalização no futebol. Por mais que os times europeus sejam cada vez mais internacionais, é na torcida que aflora o nacionalismo extremado. O Barcelona será sempre a representação máxima do espírito catalão, a rivalidade entre o Celtic e o Rangers na Escócia será sempre a entre o time dos católicos e dos protestantes, por mais que árabes ou judeus joguem o maior clássico de Glasgow. O Crvena Zvezda, o velho Estrela Vermelha de Belgrado, time que revelou o bom meia sérvio Dejan Petković, de passagem por vários clubes brasileiros, será sempre lembrado como expressão máxima do orgulho sérvio, que recrutava voluntários para Slobodan Milošević. O Real Madrid, uma das mais vitoriosas equipes do velho continente é o mesmo que na ditadura Franco era usado como propaganda pelo governo espanhol.

Alguns outros clubes têm histórias diferentes, é verdade que no Brasil inicialmente havia uma segregação no futebol, e praticada por praticamente todos os times, a mudança de postura é que foram lentas em alguns clubes considerados mais elitistas. Porém ainda hoje não dá pra não associar a Sociedade Esportiva Palmeiras (que dá uma vontade de escrever Società Sportiva) do velho Palestra Itália e das mammas (e das mamas das mammas) italianas.

Na Argentina o Boca Juniors carrega a imagem de ser um clube do povo, por mais que um grande industrial torça pelos boquenses, é o time de La Boca, bairro portuário que nasce das vilas de estivadores em Buenos Aires. Por mais que o River Plate também seja oriundo de La Boca, o maior campeão da história dos campeonatos argentinos tornou-se um clube da elite a trocar a sua antiga morada por Nuñez na década de 30. Por essa razão histórica, hoje é o Boca Juniors o principal time escolhido pelos imigrantes bolivianos e paraguaios que se dirigem a Buenos Aires na expectativa de uma vida melhor.

Em 2002 a torcida do River, campeão argentino daquele ano cantava: "¡Cantemos todos que La Boca está de luto, que son todos negros putos de Bolivia y Paraguay!". Agora, em 2009, último final de semana, mais uma vez a Argentina tem casos de racismo no futebol, torcedores do Independiente, equipe que manda seus jogos noturnos com a bela "luna de Avellaneda" (filme de Juan José Campanella, título em português O Clube da Lua), mas que estava jogando no estádio do Huracán, estenderam bandeiras da Bolívia e do Paraguai e entoaram cantos como: "El que no salta es de Bolivia y Paraguay", em provocação aos torcedores do Boca. O ato causou uma série de reações na Argentina, onde a presidenta Cristina Fernández de Kirchner e a embaixada boliviana pediram explicações a AFA e ao árbitro da partida, Sérgio Pezzota, que hoje apita Boyacá Chicó e Grêmio pela libertadores, e não cumpriu o regulamento que exige o cancelamento da partida em casos de manifestações de cunho racista.

Cada vez mais entrarão bolivianos e paraguaios, os povos mais pobres da América Latina, em países como Argentina, Chile e Brasil, vindo apenas com o sonho de uma oportunidade melhor. É um fenômeno que muitos brasileiros e argentinos vivem na Europa e nos Estados Unidos, e que muitos europeus viveram ao chegar à América no começo do século XX. É natural que o ser humano não aceite algo que lhe pareça estranho inicialmente, e que usem a aglomeração e multidão dos estádios para extravasar um sentimento feio, deplorável, mas intrínseco à condição humana. É necessário que os governos de países como Brasil e Argentina criem leis para assegurar aqueles que escolheram seus países para uma oportunidade de vida e garantam a dignidade humana desses povos em terra estranha. Assim como esperam que os seus concidadãos sejam tratados de forma digna por outros povos.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Fim de Guantánamo

"Prisioneiros de guerra devem ser tratados com humanidade e protegidos da violência. Não podem ser espancados ou utilizados com interesses propagandísticos", é o que diz o §4 da Convenção de Genebra, que normatiza questões acerca de países em guerra, com a preocupação de que sejam mantidos os direitos humanos. Cumprindo a promessa de seguir as normas de Convenção, Barack Obama assinou na tarde desta quinta-feira um decreto presidencial definindo o fim da prisão símbolo da famigerada doutrina Bush, onde os EUA mantêm prisioneiros de Guerra e usa métodos anti-humanitários.

Obama já havia proposto o fechamento de Guantánamo na campanha e confirma agora em um momento em que a Convenção de Genebra vem sendo ignorada por vários países. No recente ataque israelense na faixa de Gaza, o exército de Israel vitimou civis palestinos, e o Hamas (que a bem da verdade não tem obrigação legal com a Convenção) usou civis de escudo. Muitos apostaram no novo presidente americano como um grande sinal de mudança, eu sinceramente sou bem cético em relação a isso, já comentei em momentos anteriores, acho que o presidente Obama tem, pela popularidade, condições de fazer reformas que Bush com a sua desgastada imagem não teria, mas no sólido funcionamento da democracia americana, não há espaço para aventuras e revoluções.

Guantánamo será extinta pelo simples fato de que é uma aberração, na metade de 2008 a Suprema Corte já havia decidido que os presos na ilha cubana tinham os mesmos direitos que qualquer outro apenado do sistema prisional americano, ou seja, o regime de exceção da doutrina Bush que condicionava prisioneiros civis a tratamentos militares, limitava ou negava o direito de defesa, condenava os prisioneiros em decisões arbitrárias e autorizava o uso de tortura em interrogatórios desde 2001 na ilha não poderia mais existir. O que Obama fez na tarde de hoje é apenas a ratificar o louvável entendimento que tiveram os juízes da Suprema Corte.

Quem ganha com essa mudança de visão do governo americano somos todos nós, é uma vitória da humanidade sobre a barbárie. Os americanos estão fazendo a parte deles, fruto de uma democracia sólida e da alternância de poder. Em países onde organizações terroristas paramilitares têm controle sobre parte da população, o fim da barbárie é muito mais complicado, não se resolve com uma simples eleição.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Festa em Português

Enquanto a "última flor do Lácio", como diria Olavo Bilac, passa por mudanças na ortografia de algumas de suas palavras, visando unificar o português falado por mais de 240 milhões de pessoas e passar a ser uma das línguas oficiais da ONU, a língua portuguesa dominou outra importante organização, tão ou até mais poderosa de que as Nações Unidas, a Fifa.


Na tarde de hoje, pelo horário de Brasília, o português Cristiano Ronaldo e a brasileira Marta foram escolhidos os melhores jogadores de futebol masculino e feminino, respectivamente, no ano de 2008. O atacante português, jogador do Manchester United, conquistou no último ano o título da Premier League (campeonato inglês), da UEFA Champions League e do Mundial de Clubes organizado pela Fifa. 2008 foi um ano um pouco mais modesto para Marta, campeã sueca pelo Umea e medalha de prata com a seleção brasileira nas Olimpíadas de Pequim, a brasileira atuará pelo Los Angeles Sol, chegando aos EUA na condição de melhor do mundo pela terceira vez consecutiva.


Cristiano Ronaldo disputou o prêmio com o brasileiro Kaká, melhor do mundo em 2007, os espanhóis Fernando Torres e Xavi e o argentino Lionel Messi. Natural da Ilha da Madeira, o novo melhor do mundo completa 24 anos no próximo mês. Foi a sua primeira indicação ao prêmio da Fifa. Em 2008 ganhou também a Bola da Ouro, importante prêmio da revista France Football.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Feliz 2009!!!

Como muito já cantou Humberto Gessinger, vocalista da banda gaúcha Engenheiros do Havaii, o último dia de Dezembro é sempre igual ao primeiro de Janeiro; talvez seja mesmo, talvez as coisas não mudem simplesmente por uma virada no calendário.

O fato é que 2009 entra, como todo o ano novo, com expectativas, promessas, projeções. Pessoas prometem colocar tal plano em ação (passar de ano, casar, concluir a faculdade, viajar, ter filhos, entrar na universidade, conseguir um emprego, emagrecer, namorar), esotéricos aparecem aos montes fazendo previsões: que será um ano bom ou ruim para a economia, para agricultura, para a política, que teremos guerra ou que teremos paz, que o campeão Brasileiro será tal time, que o da Libertadores será outro; previsões que podem ou não concordar com o cenário imaginado por especialistas em política, meteorologia, futebol ou economia, que igualmente inundam os veículos de comunicação com as suas projeções.

Precisamos sempre recomeçar, ganhar um fôlego, não é verdade? Então que 2009 sirva para isso...  Que cada um tenha os seus desejos e as suas aspirações para o ano que agora adentra em nossas vidas, desejando para todos os votos de um feliz 2009, mesmo com um pouco de atraso. Da minha parte, e ficando na mesma composição citada no começo do presente texto, apenas uma promessa, daquelas impossíveis de cumprir, mas dá próxima vez, só uísque escocês!