domingo, 23 de novembro de 2008

Brasileirão: considerações (quase) finais...

Ainda faltam duas rodadas, é verdade. O Grêmio ainda tem chances de ser campeão, mas apenas na matemática e principalmente na oração. Mas as considerações que quero fazer independem de quem sairá campeão, que provavelmente seja o São Paulo depois dessa rodada.

São Paulo: fui um time comum no primeiro turno, no segundo deu uma arracanda impressionante, não perde a 16 jogos (11 vitórias e 5 empates), campeonato de pontos-corridos é assim, ganha quem desperdiça menos, o São Paulo passou um turno inteiro sem perder pontos. Se hoje é líder, merece...

Grêmio, Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras: a turminha que disputava o título desde sempre, tiveram campanhas normais, com tropeços que são normais de acontecer num campeonato com 38 jogos. O Grêmio disputava o título com essas equipes, acabará na frente delas. O São Paulo pode até ser que não roube o título (uma injustiça e apenas por milagre), mas já tirou um dos quatro da Libertadores.

Internacional: único time que tem elenco superior ao São Paulo, a falta de planejamento da direção, pelo segundo ano seguido, deixa o Inter como mero participante do campeonato brasileiro. Pode conquistar a Sul-Americana, mas é apenas prêmio de consolação. Era time que deveria estar disputando título.

Coritiba, Goiás, Botafogo e Vitória: chegaram a querer uma vaguinha no G4, mas não têm força pra isso. Saem com a cabeça erguida do campeonato; e melhorando um pouquinho, podem incomodar em 2009, principalmente na Copa do Brasil.

Atlético-MG e Santos: obrigação de fazer um 2009 melhor, antes tem que arrumar a casa... senão periga lutar pra não cair.

Sport: passeou o campeonato todo, com a vaga assegurada na Libertadores de 2009, sem chances de título e sem chances de cair, o Leão mostrará sua verdadeira face só no próximo ano. Terá a Ilha do Retiro na Libertadores a mesma força que teve na Copa do Brasil?

Atlético-PR, Fluminense, Náutico, Figueirense, Vasco e Portuguesa: a turma que lutou para não cair. Três irão para a série B, os outros três terão que mudar muito para não passar o mesmo sufuco em 2009.

Ipatinga: É série B, já fez muito em subir à primeira divisão. Volta para segundona, que pelo que representa o Ipatinga, já está de ótimo tamanho.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Populismo - um mal latino-americano

Um dos maiores males da América do Sul é o populismo que volta e meia assola a região. Lia a pouco na versão online do espanhol El País que o governo brasileiro chamou o embaixador do país em Quito para consultas, em outras palavras isso significa que, por hora, não temos embaixador no Equador. A decisão brasileira foi tomada devido à decisão do governo Rafael Correa de recorrer a cortes internacionais para o não-pagamento de uma dívida de US$ 242,9 milhões do Equador com o BNDES, adquiridos para a construção de uma hidrelétrica em São Francisco. Segundo o governo equatoriano, a dívida contraída por meio da construtora brasileira Odebrecht, que seria de R$ 320 milhões, é "ilegítima e ilegal"; em nota o banco estatal brasileiro disse que seguiu as normas estabelecidas no contrato, que foi aprovado pelo congresso equatoriano.

Sem juízo de valor, está correto Correa de questionar qualquer contrato, independente a ter ou não razão. Ele é o mandatário do Equador, é um chefe de governo, foi eleito para defender as posições de seu país e acerta ao entrar em uma corte, como a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, para defender os interesses do Equador. Por mais que seja o contrato legal como o BNDES afirma, está certo o presidente equatoriano entrar com uma ação ao julgar que os interesses equatorianos estão sendo afetados. Porém o que se contesta é a forma de fazer, intensamente populista, desnecessária e burra.

Brasil e Equador são países amigos, sempre foram. Correa é um presidente de esquerda, teve desde a campanha eleitoral o apoio do presidente Lula. Tem acesso fácil ao governante brasileiro, poderia discutir pessoalmente a questão, poderia procurar autoridades diplomáticas brasileiras no Equador, poderia facilmente tentar um acordo novo, que julgasse legal e que considerasse bom para as pretensões do Equador. Mas infelizmente o presidente Rafael Correa não fez isso.

Preferiu jogar para a platéia, anunciou a decisão de não pagar a dívida em um ato público, sem notificar o governo brasileiro da decisão. É uma atitude populista do governante do Equador, questões como essas devem ser resolvidas entre governos, e as coisas ficam mais fáceis entre governos com boa relação, ainda mais em governos que compartilham, teoricamente, de mesmas posições ideológicas. Correa procedeu de forma errada por má-fé, procedeu assim pelo motivo de que assim se ganha mais votos, porque pode passar para o público que o Equador não irá se render ao "imperialismo brasileiro".

É o mesmo erro que nós sempre aplaudimos e pedimos em terras tupiniquins, e nunca imaginamos isso como uma política enganadora de um governo populista. É ainda mais triste que a esquerda latino-americana, que ainda representa o pouco da decência que sobra em nossos políticos e tem a maioria dos bons quadros na região, e falo da centro-esquerda, na esquerda que está com Lula, na esquerda mais européia, social-democrata, tenha muitas vezes caído na armadilha armada por políticos populista como Correa. Aliás, importante salientar, populismo não faz diferenciação entre esquerda e direita, como já foi dito, "Gosta tanto de pobre que os multiplica", mas na América agrega políticos que vão de Paulo Maluf a Hugo Chávez, e está presente em muitas ações de pouca funcionalidade e grande apego midiático de qualquer governo da região, seja Lula ou Uribe.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Síndrome da Carne de Vaca Eleitoral




Eu sempre gostei do agora presidente-eleito dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, mas gostava muito mais de Obama quando ele era um desconhecido senador do estado de Illinois, e só se falava em Hillary Clinton. Claro que o candidato a presidência saíria do Partido Democrata, John McCain, um veterano de guerra, senador assim como Obama, ou qualquer outro candidato republicano estaria fadado ao fracasso nas urnas, é a herança deixada após 8 anos de um saturado governo Bush. Por isso torcia por Barack Obama, pois sabia que se fosse o candidato democrata venceria, claro que o apelo de um presidente negro faria a campanha crescer ainda mais e tornaria a eleição histórica, eu confesso que além disso, tinha uma simpatia pelo seu irônico nome, um nome árabe, com sobrenomes que remetem aos dois maiores inimigos dos EUA, seria demais para a sucessão de George W. Bush. Mas a Obamania me irrita...

Hillary teria personalidade na Casa Branca, mas mulheres de ex-presidentes já tivemos aos montes no mundo, e todos sabemos que as administrações ficam marcadas pela sombra de seus maridos, o mesmo vale para viúvas de ex-presidentes. Algumas mulheres também governam como homens, não são mulheres que estão no poder, são machos, e muito machos, tanto quanto Edinanci Silva ou Rebecca Gusmão, como exemplos: Margareth Thatcher, Angela Merkel, Yeda Crusius (sai capeta!!!).

Mas se não haveria um (desculpa governadora) novo jeito de governar por ser a ex-primeira-dama a primeira mulher a assumir o posto mais cobiçado da América, também não haverá por Obama, e quem anseia por isso, terá uma grande frustação, o novo presidente não será muito diferente de outros, haverá mudança, palavra central de sua campanha, mas nada muito fora do habitual.

O próprio fato de um presidente negro é uma evolução natural, não um efeito isolado, o presidente Bush, por exemplo, teve dois negros fundamentais em seu mandato, os dois secretários de estado de sua administração foram de origem afro, e a Condoleezza Rice ainda somava a condição de mulher, mas isso não foi motivo para ser diferente de um homem branco conservador e bélico como o vice-presidente Richard Bruce "Dick" Cheney, já o ex-secretário e general da reserva Colin Powell, figura importante da primeira parte da admisnitração Bush, é um negro consagrado, veterano de guerra, comandante da ação militar na primeira Guerra do Golfo e um pacifista nato, foi meio como um peixe fora d'água depois de um tempo no governo Bush.

Espera-se que Obama mude a política internacional, que dê segurança para a economia, que mude a política em relação aos imigrantes, que retire as tropas do Iraque, espera-se tudo de Obama, força e apoio popular ele possui, vontade parece que também... Ele é o homem certo para as mudanças, não por ser Barack Obama, mas pelo contexto em que foi eleito. Dá pra se dizer que como em 2002 no Brasil, a "esperança venceu o medo", mas seguindo na mesma linha, agora "deixa o homem trabalhar".

domingo, 26 de outubro de 2008

Raul Seixas já avisava que não queria ser prefeito, mas se Raulzito desprezava a possibilidade de ocupar a chefia do executivo municipal, a maioria dos nossos prefeitos gostaram da coisa, e dos 20 que tentaram reeleição nas capitais, suprendentes 95% foram reeleitos no pleito que findou no dia 26 de Outubro. Agora fico eu aqui, pensando as razões para tamanha aprovação de nossos prefeitos...

Quais as causas disso? Estaria o povo brasileiro tão satisfeito com as atuais administrações municipais? A máquina pública entrou na campanha e foi a fiel da balança? Mas isso com todas as retrições da lei eleitoral e principalmente da Lei de Responsabilidade Fiscal? Seria um reflexo do aumento do padrão de vida da classe média baixa? Uma repulsa maior do eleitorado à novidades, e uma preferência pura e simples por quem já é o prefeito?

Eleição municpal é difenciada, não adianta... Com raras excessões, a força pessoal é muito mais forte do que a o partido ou visão política do candidato; um voto para presidente é um voto macro, vota-se pensando na econômia nacional como um todo, as fontes de trabalho que se prometem ser criadas, o posicionamento em relação às riquezas naturais do Brasil, e o partido tem uma força incrível, não por acaso as últimas 4 eleições presidenciais foram decididas entre PT e PSDB. O voto para prefeito é o voto no cara que "mandou asfaltar a rua da minha casa", construiu uma creche no bairro (quem sabe isso ajude a responder a questão que coloquei inicialmente), é um voto onde se percebe mais cotidianamente a influência política de um candidato.

Eleições onde canditados concorrem a reeleição tem um quê de referendo, a decisão fica sempre entre votar pela continuidade ou escolher entre as outras opções, nas eleições que acompanhei melhor esse ano não se poderia ter segundo turno e não haviam candidatos majoritários à reeleição, mas no Rio Grande do Sul mesmo, dois foram os canditados a reeleição no segundo turno, os dois saíram com a vitória após o fechamento das urnas. Os atuais prefeitos de Porto Alegre e de Pelotas, Fogaça e Fetter, respectivamente, seguirão no comando da administração municipal. É um voto de confiança que a população dá, a certeza de que trabalho está sendo feito de forma correta? Talvez... Mas certamente a aprovação da gestão e a renovação das expectativas, mesmo que sintetizadas no mesmo canditado...

Alternância de poder é algo extremamente saudável para a democracia, mas ao mesmo tempo 4 anos é relativamente pouco para que se crie e desenvolva projetos que tragam benefícios sociais de fato; as campanhas políticas abordam isso, em muitos casos como forma de inserir no eleitorado um medo de que um benefício seja retirado ou um projeto importante seja abandonado, é uma tática válida? Nem sempre, mas tem um fundo verdadeiro. Vivemos em um país onde interesses eleitoreiros são colocados acima de interesses sociais e apenas por ser um projeto da administração passada ele não vale mais. É fácil entender o motivo: pense numa cidade como Santa Maria, por exemplo, quantas pessoas a prefeitura de Santa Maria emprega? Quantos cargos para beneficiar politicamente alguém ligado ao partido? Quando dinheiro Santa Maria tem de repasses federais e estaduais por ano? E em 4 ou 8 anos? Todo mundo quer prefeitura, tudo mundo (menos o Raul), quer ser prefeito, mas tirar os atuais não foi tarefa fácil em 2008, nas capitais apenas Serafim Corrêa, prefeito de Manaus, tentou e não conseguiu se eleger, o ex-prefeito e ex-governador Amazonino Mandes comandará a capital do Amazonas, quam sabe aí se percebe outra característica de nossa política, falta renovação, se estivesse entre nós, Raul Seixas era uma boa (tá, mas nada de Paulo Coelho pra chefe da casa cívil e muito menos para pasta da cultura, por favor).

sábado, 4 de outubro de 2008

Esperando voltar a vida normal...

Não vou dar uma de "mãe Diná" agora, futebol eu comento amanhã e eleições na segunda...

Depois de uma semana um tanto puxada, que culminou numa tranqüila e inesquecível sexta-feira (principalmente por uma certa presença aqui), o blog volta ao seu percurso natural, e creio que a minha vida também, com mais livros para ler, a bem da verdade... mas isso estava nos planos e não era de hoje.

Vargas Llossa em espanhol, Dan Brown em inglês e pra não perder o costume de ler algo em português traduções de Julio Verne, Khaled Hosseini e Markus Zusak, espero terminar todos (e talvez outros) até o final do ano...

sábado, 13 de setembro de 2008

Amor em uma Concepção Própria

Para Débora

Nunca me atrevi a escrever sobre esse assunto, foge completamente do meu estilo, não é em nada objetivo, todo cheio de nuâncias, de detalhes. Muito já se falou sobre o tema, mas é um consenso que o amor exige uma entrega, uma dedicação. É diferente da simples vontade do sexo e da efemeridade da paixão, porém não sobrevive sozinho, tornando-se apenas uma amizade.

Para mim o amor não é um sentimento imutável, é bem mais tranqüilo e estável, entretando a tranqüilidade demais pode atrapalhar, a aparente estabilidade de um relacionamento pode cegar e apagar sentimentos e prazeres. Amor nos deixa com medo de perder, é por isso que Jabor diz que é um sentimento egoísta, diferente do altruísmo que o papa Bento XVI coloca como a maior manifestação do amor, representado pela entrega total, prefiro dizer que é um misto de ambas; manifestado de diferentes formas, nos entregamos para mostrar o quão importante tal pessoa é, mas para que sentir e querer demonstar amor a uma pessoa que não amamos? Não faz sentido. O ciúmes é a manifestação instintiva do egoísmo do amor, queremos nossos companheiros (as) apenas para nós, é natural... É outra prova de amor, amamos mais em momentos assim...

Talvez eu seja utópico demais, mas como conseqüência do amor, ou mesmo do medo de perder que todos temos, considero amor e paixão coisas complementares. Amor nos deixa com vontade de estar junto, a paixão é o que nos move quando estamos, amor não muda, paixão sim... Minha forma de paixão já deve ter mudado umas 15 vezes só nesse ano, o amor foi sempre o mesmo. É essa a minha concepção de amor, um estado constante de diferentes tipos de paixões, que voltam, que se diferem, que reaparecem, recriam-se e tranformam-se, o fato dessas mudanças constantes de paixões tornarem-se o que chamamos de amor é manifestada no altruísmo da entrega e no egoísmo de querer exclusividade, e também em todas as variáveis possíveis e não menos comuns, cada amor é único também.

P.S: Os textos mencionados de Arnaldo Jabor e Joseph Ratzinger pode ser conferidos na crônica Amor e Sexo e na encíclica Deus caritas est, respectivamente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008


Recém-lançado Death magnetic é o mais novo álbum do Metallica, confesso que ainda não o ouvi (problemas técnicos no meu pc), mas pelo que tenho lido e ouvido a respeito, é excelente. Considerado pela crítica um álbum que não deixa nada a desejar aos primeiros trabalhos da banda e muito superior aos trabalhos mais recentes como Load, Reload e St. Anger, o disco recupera o espírito inicial do Metallica e consegue ser o primeiro a suceder o álbum preto à altura.

Eu vi a repercurssão que teve algumas músicas que vazaram na internet, e antes de ler sobre o trabalho completo, não tinha achado mesmo grande coisa, mas estou ancioso. Como diria minha amiga Joice Cantini, as comunidades do tipo "Eu adoro Metallica antigo" terão que mudar de nome. É ótimo saber que a banda californiana considerada a maior de metal da histórica voltou a fazer um álbum que faz jus à fama. O site de notícias G1, citando a edição americana da Rolling Stone, compara Death magnetic à invasão da Georgia pela Rússia, onde uma potência adormecida invade com toda a força e agressividade que um dia possuiu.

Não só quero ouvir o disco como também tocar. Não, não adquiri nenhum talento musical, minha inteligência musical beira ao ridículo, mas é que descobri que a banda liberou o novo álbum para o Guitar Hero, um game que é tipo um "karaokê" de guitarra, eu gosto dele, compenso a minha frustração de não conseguir tocar nenhum instrumento que exija mais de um baiano tocando tambor.

Outro motivo por aguardar a chegada de Death magnetic é a terceira versão de The Unforgiven, eu comentava com a Joice, acho a primeira perfeita, na verdade, acho uma das melhores músicas da história, a segunda eu acho uma bosta, e pelo que li The Unforgiven III é uma excelente música, bem elaborada e criativa.

Acho que ainda essa semana poderei ter um veredicto sobre álbum, mas a expectativa é a melhor possível...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Contratio Sensu - A Volta

Depois de um tempo hibernando, o blog volta e agora volta para ficar, afinal despejarei aqui tudo aquilo que me der vontade, e a facilidade de ter internet disponível a qualquer hora fará com que isso seja um espaço utilizado a exaustão.

É verdade que não tenho as madrugadas livres para isso, infelizmente passarei a maioria delas fazendo aquilo que de pior se pode fazer em uma madrugada, dormir. Um reflexo de minhas obrigações, pois para mim esse período é o mais proveitoso do dia, e as mentes maliciosas não pensam que é proveitoso apenas para "aquilo", é ótimo ocupar uma madrugada com esse tipo de "prazer", mas há outras formas igualmente deliciosas...

Um exemplo: a falta de madrugadas disponíveis tem atrasado em muito a minha leitura de Ensaio Sobre a Cegueira, do português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago. Quem sabe se o texto de Saramago não forçasse tanto o preparo físico e psíquico do leitor eu já teria terminado durantes os intervalos entre uma aula e outra, mas a exigência disponível para ler Ensaio eu só alcanço nas madrugadas, em três delas conseguiria devorar pelo menos duas vezes as 310 páginas do livro.

Para quem nunca leu nada do Saramago ou mesmo não conhece a estrutura de texto do autor talvez seja necessário uma explicação básica: os parágrafos chegam a 4 páginas inteiras, não há pausas na fala dos personagens e nem mesmo uma indicação de quem está falando, é uma prosa pura, no sentido mais arcaico da palavra, é como se o autor estivesse narrando oralmente a história para alguém, sem preocupações com a estrutura do texto. Particularmente, achei isso incrível, acho que precisamos disso, de escritores não tão fáceis e que te entregam a história de forma tão pronta e bonitinha.

Aliás, essa é a crítica que foi feita ao filme inspirado no livro, um filme difícil. Como não fui na abertura de Cannes, perdi a oportunidade de ver o trabalho de Fernando Meirelles (de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel), mas ainda chegará nos cinemas das médias cidades brasileiras, ou mesmo na locadora mais próxima de casa. Então eu assistirei à Blindness, de preferência de madrugada e sozinho, e saberei se é mesmo tão difícil como eu o quero.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um Grenal sem sal em um dia marcante

Grenal é Grenal e vice-versa, já diria o grande “filósofo” Jardel, um dos atacantes mais marcantes da história do Imortal Tricolor, o meu último grenal foi um pouco diferente, o mais desamparado de minha existência. Ver um Grenal sozinho não é uma experiência legal; enquanto os reservas do Grêmio empatavam com o multimilionário time colorado em pleno Beira-Rio, eu no meu segundo dia de volta para Santa Maria, ainda sozinho no apartamento, assistia ao jogo pela televisão na companhia da tenebrosa narração de Paulo “Feitoooo” Brito. É bem verdade que ouvir no rádio poderia ser ainda pior, jogo no rádio é sinal de emoções à flor da pele, e um clássico no rádio é um perigoso teste para cardíaco (e minha alimentação dos últimos dias ainda aumenta potencialmente os riscos de um infarto), com o agravante de que estar sozinho impossibilita qualquer tipo de socorro.

Pois bem, ouvia o Grenal na solidão da noite santa-mariense, mas um jogo assim, mesmo que na nada importante Copa Nissan Sul-Americana, com o Grêmio poupando os titulares, não é um jogo para assistir sozinho, é para se olhar na companhia de amigos num bar, no estádio, com a família em casa, mas nunca sozinho numa noite fria e sem cerveja. Pela ocasião da data, sete meses de namoro, a saudade de alguém que no momento estava fisicamente distante me fazia me sentir ainda mais sozinho, não que ela gostaria de compartilhar a minha torcida pelo Grêmio, acho difícil, e pela importância do jogo, era capaz de nem eu ter visto se estivéssemos juntos.

Reclamar do árbitro, do gol anulado; xingar o bandeirinha; criticar uma marcação de um pênalti; ficar triste pelo gol do rival; torcer para que não tome o segundo; torcer para que faça o primeiro; e comemorar de forma efusiva o gol do teu time são emoções de uma partida, mas perdem a graça quando teus únicos companheiros são os fogos de artifícios e as vozes de Brito e Batista. Nem a esperança de ouvir os gritos de algum vizinho em algum dos gols foi concretizada, para que se satisfaze a vontade de que alguém também estava comigo, pelo menos na torcida, contra ou a favor, naquela hora.

Depois que equipe de Rudinei e Adílson empatou com a “seleção” de Daniel Carvalho e D’alessandro as coisas acalmaram-se, perder mesmo nessas situações ocasiona a indesejável corneta do dia seguinte; logo depois ainda recebi uma ótima mensagem de boa-noite, que me fez sentir melhor, afinal não estava mais sozinho e o Banguzinho não havia sucumbindo diante das estrelinhas de renome internacional e da torcida colorada; eu poderia dormir em paz; dormir? Não, fui escrever a presente coluna, e no momento Jabor, Zuenir Ventura e García Márquez convidam-me a uma boa leitura, além de ainda ter alguma coisa das Olimpíadas para olhar. Essa noite ainda nem começou e no embalo das minhas aulas de inglês, “She’s a child”.

domingo, 10 de agosto de 2008

Eu sou a "legenda"


I am Legend, tenho lido e ouvido algumas opiniões sobre o filme, todas desagradáveis; no começo não dei muita bola, mas com o pessoal criticando, a minha curiosidade aumentou e confesso que é uma das obras que estão na frente na minha lista de "filmes para olhar ontem". A história é inspirada em um livro homônimo de 1953, e conta a história de um mundo inteiro infectado por uma doença que transforma pessoas em seres assassinos e somente um homem não foi infectado. Nas primeiras vezes, lembrei-me de Ensaio Sobre a Cegueira, o excelente livro de Saramago e (espero) filme de Fernando Meirelles, porém os zumbis animados por computação gráfica e Will Smith no papel principal, fizeram-me lembrar, inevitavelmente, de Eu, Robô.


Não que a presença de Smith seja pra mim sinal de que devo passar longe do filme, como dsse o Samuel Tonin no blog Com Pipoca, afinal eu gostei de Independence Day, eu achei M.I.B legalzinho e, principalmente, eu adoro as reprises que podem estar passando a qualquer hora no SBT de Um Maluco no Pedaço; na emissora de Senor Abravanel, só Chaves é melhor. Aliás, não apenas em blogs ouvi opiniões assim, inicialmente a imprensa noticiou a presença de Smith no Brasil para a divulgação do filme, assim como sempre que qualquer celebridade oriunda de nossos irmãos do norte chega em terras tupiniquins, depois as opiniões foram sempre ou factuais ou de crítica negativa ao filme. Até o Léo, meu primo mais cinéfilo e que divide apê comigo em Santa Maria, julgou o filme "legal, mas americanozinho demais", esse é o pior veredicto que ele pode dar sobre um filme, livro ou banda de música.

Por tudo isso, verei Eu sou a Lenda!!! Dizem que os outros dois filmes inspirados no livro são bons, tanto Mortos que Matam (de 1964), quanto A Última Esperança sobre a Terra (de 1971), mas esses não me chamaram a atenção, e também não encontrarei na locadora perto de casa.

P.S: o título do post faz referência à uma comunicade do orkut, de pouco mais de 100 membros, dizem na descrição da mesma que só quem olhar o filme pode entender, suspeito que eles ou não saibam a tradução correta de uma falsa amiga como legend, ou que os caras do filme façam essa confusão em algumas partes, quem sabe na dublagem e de forma proposital; para matar a minha curiosidade, não resta alternativa, terei que olhar o filme, e pior ainda, dublado, sem legenda...

Morales continua

Para não deixar assunto em aberto; com mais de 62 % dos votos, Evo Morales foi ratificado como presidente boliviano, um número acima do esperado, porém fundamental para que a Bolívia siga com o seu presidente eleito de forma democrática e constitucional (o Referendo já havia sido considerado ilegal pelo poder judiciário do país, mas a justiça eleitoral ignorou a decisão). O que acontecerá daqui para frente, ninguém sabe, é certo que entre todos os males, teremos o menor...

sábado, 9 de agosto de 2008

Grêmio campeão simbólico do 1º Turno




Não acredito em supertição, só quando me é favorável... Desde 2003, quando o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos, o vencedor do primeiro turno sempre acaba sagrando-se campeão no final da competição. Ao vencer o Atlético-MG, até então invicto em casa, no Mineirão por 4x0, o Grêmio reafirma de forma definitiva a condição de melhor equipe do primeiro turno de 2008, mas não apenas isso, o Imortal Tricolor é a equipe que:

a) tem a melhor campanha em primeiro turno de todas as edições por pontos corridos, surpreendentes 71,9%;
b) tem a melhor defesa do campeonato, sofreu apenas 12 gols em 19 partidas, e a 4 jogos não sofre gols;
c) tem o melhor ataque da competição, 35 gols marcados no primeiro turno;
d) mais venceu na competição, 12 jogos;
e) menos perdeu na competição, apenas dois jogos, para Botafogo e Vasco;
f) junto com o Palmeiras, está invicta em jogos como mandante;
g) tem o melhor aproveitamento fora de casa, 63%
h) segundo a revista Placar, tem o melhor jogador do campeonato, o goleiro Victor, que seria hoje o vencedor da Bola de Ouro.

E imaginar que tudo isso foi possível graças a manutenção de Celso Roth após as eliminações precoses do primeiro semestre, e a competência de um grupo sem estrelismos e com inúmeros jogadores desconhecidos (Victor, Réver, W. Magrão, Rafael Carioca) e desacreditados (Perreira, Marcel), mas que com a força do grupo e a superação, fizeram a melhor campanha até aqui no Brasielirão. Concordando com o Roth, não ganhamos nada e muito precisa ser feito ainda, mas que o Grêmio surpreende e está no caminho certo, não restam dúvidas...

Despedindo-se da Colméia do Trabalho

A idéia do A Contratio é ser um blog onde eu possa simplesmente escrever, e um dos assuntos que pouco se verá aqui é minha pessoal, primeiro que prefiro escrever sobre assuntos mais gerais (adoraria ter a capacidade e talento que alguns colegas demonstram de escrever coisas abstratas, mas tenho um perfil diferente). E sério, pra quem procura de verdade algo sobre minha vida eu indico o link: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=4261605302637583607.

Agora, não sei como ficará o blog nas primeiras semanas em Santa Maria, esse é o meu último final de semana em Ijuí e a passagem já está comprada para terça, farei um esforço enorme para atualizar diariamente, e na primeira semana eu acho que consigo, depois enquanto não tiver ainda com a internet, não sei... Mas com as aulas a freqüência aqui, talvez, diminua.

Quanto a despedida de Ijuí, já estou em clima de "essas férias valeram a pena", com a vontade de ter aula e a expectativa fortemente renovada para o próximo semestre, e tudo que de novo terá dentro de pouco menos de um mês. Ijuí vai ficando um pouco distante já, voltar aqui levará um tempinho agora, a saudade de casa eu já matei, agora é novamente ver alguns grandes amigos de Santa Maria e voltar a boa e velha vidinha de sempre que me acostumei em um semestre e estou sentindo falta.

Confesso, estou precisando de rotina, meu relógio biológico está completamente desregulado, hora segue o de Brasília, hora o de Pequim, hora o da internet e minhas já tradicionais viradas de noite no msn/orkut/sites diversos. Preciso ir durmir de noite para acordar de manhã, algo tão normal para 90% da população mundial, mas não para mim... não em férias, não em três semanas sem compromissos...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bolívia faz Referendo no domingo

Quando os olhos do mundo voltam-se para o extremo oriente e aos poucos medalhas vão sendo conquistadas e heróis olímpicos vão surgindo, sem esquecer de uma ou outra notícia relacionada à censura de jornalista japonês ou prisão de estudante pró-Tibete em manifestação durante a prova de hipismo, o A Contratio dá um tempo na China e volta-se à realidade regional: o referendo na Bolívia.



Lançado pelo próprio presidente Evo Morales, o Referendo trata da sua permanência e também da manutenção dos atuais mandatos dos governadores. Para o índio-presidente é necessário que 53,74% dos bolivianos votem contrário a continuação de seu mandato, para os governadores é a maioria mínima, ou seja, 50%. A idéia do Referendo surgiu no final do ano passado durante as discussões da carta magma boliviana, e foi também, um desafio de Morales a oposição. Ainda em 2008, por base desse macanismo, quatro departamentos, incluindo o importantíssimo departamento de Santa Cruz de la Sierra, aprovaram a autonomia em relação à La Paz, enfraquecendo o poder de Morales e mostrando que os departamentos mais ricos têm certa propensão a votar contra o presidente.

Pesquisas recentes indicam que o não tem hoje 49% das intenções de votos, 4 menos que o necessário para que Morales volte a plantar coca em Chapare (coca em Chapare??? eitaaa), como prometeu caso perdesse o Referendo. Agora, só falta esperar que estripulias de populismo extremo como essa não criem dificuldades maiores para a garantia da ordem a da democracia em um país conflituoso como a Bolívia, e torço, sim, para que Morales termine seu mandado, como é de direito em um país presumivelmente democrático, mesmo considerando que o referendo é um erro e deixa a pobre Bolívia à mercê de golpes de direita e de esquerda, fantasiados de um sistema democrático.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Mundo à Espera da China, a China à Espera do Mundo

É amanhã! Na manhã de sexta-feira para os brasileiros, quando no horário de Pequim tudo estará no 8 (minutos, horas, dia, mês e ano), será oficialmente declarada aberta mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Por meses o mundo espera com ansiedade pelas competições esportivas e principalmente pelo modo como irá comportar-se essa nova e tradicional China ao receber um evento de dimensões globais.

No caminho Grécia-China percorrido pela Tocha Olímpica houve diversos protestos contra a realização dos jogos na China, os motivos: a independência do Tibete e as violações dos direitos humanos cometidos pelo, ainda em tese, país comunista. É o ônus de se realizar os Jogos em uma nação onde restam grandes heranças dos tempos de Mao, tão inaceitável para o modo ocidental-capitalista de idealizar uma sociedade.

Tem se visto muito na imprensa reportagens sobre a cultura chinesa; seu povo, sua cultura, suas diferenças regionais, suas diferenças econômicas... A sociedade tradicional no interior; os proletários que fazem lembrar condições de trabalho em fábricas inglesas da época da Revolução Industrial; a nova classe média que vai surgindo, ávida por bens de consumo; os novos ricos e seus luxos extravagantes; o processo de mudança cultural chinesa em uma nação que exala cultura e história.

Essa é nova China que o mundo está conhecendo, mas que ainda sobram muitos resquícios de cinqüenta ou cinco mil anos, para aqueles que estão fora dos limites da Grande Muralha, a presente edição dos Jogos Olímpicos é uma excelente oportunidade de conhecer a China; para os chineses, a melhor oportunidade conhecer um pouco sobre o resto do mundo.

Apresentação

Um blog que, apesar do pomposo nome latino, não pretende ser tão formal (um formal pero no mucho, essa talvez seja a melhor definição do A Contratio), terá, espero eu, uma descrição que faça jus ao que almejo inicialmente. Porém, saibam que uma mudança de rumo pode acontecer a qualquer instante, pois faz parte do jogo e as coisas pioram quando se tem um autor como eu, mas como em time que está ganhando não se mexe (tanto que até o Marcel é titular incontestável no Grêmio e o Roth ainda não colocou o Souza de vez), se isso der certo as chances de mudança serão menores.

Não se saberá grandes novidades aqui, talvez visões diferentes da opinião geral, ou mais contextualizas, quem sabe, sem jamais ser definitiva ou a mais correta; contrária à razão? Talvez, mas sempre mostrando as notícias por um ângulo diferente e de caráter pessoal.

A pauta também é de total responsabilidade do autor, e desde já peço desculpas pela minha falta de critério, bom-senso na escolha e constância. A todos que, por fruto da curiosidade, do acaso, da minha humilde divulgação, ou mesmo quem, por ventura, clique sem querer num link do blog, as mais sinceras boas-vindas...