domingo, 23 de novembro de 2008

Brasileirão: considerações (quase) finais...

Ainda faltam duas rodadas, é verdade. O Grêmio ainda tem chances de ser campeão, mas apenas na matemática e principalmente na oração. Mas as considerações que quero fazer independem de quem sairá campeão, que provavelmente seja o São Paulo depois dessa rodada.

São Paulo: fui um time comum no primeiro turno, no segundo deu uma arracanda impressionante, não perde a 16 jogos (11 vitórias e 5 empates), campeonato de pontos-corridos é assim, ganha quem desperdiça menos, o São Paulo passou um turno inteiro sem perder pontos. Se hoje é líder, merece...

Grêmio, Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras: a turminha que disputava o título desde sempre, tiveram campanhas normais, com tropeços que são normais de acontecer num campeonato com 38 jogos. O Grêmio disputava o título com essas equipes, acabará na frente delas. O São Paulo pode até ser que não roube o título (uma injustiça e apenas por milagre), mas já tirou um dos quatro da Libertadores.

Internacional: único time que tem elenco superior ao São Paulo, a falta de planejamento da direção, pelo segundo ano seguido, deixa o Inter como mero participante do campeonato brasileiro. Pode conquistar a Sul-Americana, mas é apenas prêmio de consolação. Era time que deveria estar disputando título.

Coritiba, Goiás, Botafogo e Vitória: chegaram a querer uma vaguinha no G4, mas não têm força pra isso. Saem com a cabeça erguida do campeonato; e melhorando um pouquinho, podem incomodar em 2009, principalmente na Copa do Brasil.

Atlético-MG e Santos: obrigação de fazer um 2009 melhor, antes tem que arrumar a casa... senão periga lutar pra não cair.

Sport: passeou o campeonato todo, com a vaga assegurada na Libertadores de 2009, sem chances de título e sem chances de cair, o Leão mostrará sua verdadeira face só no próximo ano. Terá a Ilha do Retiro na Libertadores a mesma força que teve na Copa do Brasil?

Atlético-PR, Fluminense, Náutico, Figueirense, Vasco e Portuguesa: a turma que lutou para não cair. Três irão para a série B, os outros três terão que mudar muito para não passar o mesmo sufuco em 2009.

Ipatinga: É série B, já fez muito em subir à primeira divisão. Volta para segundona, que pelo que representa o Ipatinga, já está de ótimo tamanho.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Populismo - um mal latino-americano

Um dos maiores males da América do Sul é o populismo que volta e meia assola a região. Lia a pouco na versão online do espanhol El País que o governo brasileiro chamou o embaixador do país em Quito para consultas, em outras palavras isso significa que, por hora, não temos embaixador no Equador. A decisão brasileira foi tomada devido à decisão do governo Rafael Correa de recorrer a cortes internacionais para o não-pagamento de uma dívida de US$ 242,9 milhões do Equador com o BNDES, adquiridos para a construção de uma hidrelétrica em São Francisco. Segundo o governo equatoriano, a dívida contraída por meio da construtora brasileira Odebrecht, que seria de R$ 320 milhões, é "ilegítima e ilegal"; em nota o banco estatal brasileiro disse que seguiu as normas estabelecidas no contrato, que foi aprovado pelo congresso equatoriano.

Sem juízo de valor, está correto Correa de questionar qualquer contrato, independente a ter ou não razão. Ele é o mandatário do Equador, é um chefe de governo, foi eleito para defender as posições de seu país e acerta ao entrar em uma corte, como a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, para defender os interesses do Equador. Por mais que seja o contrato legal como o BNDES afirma, está certo o presidente equatoriano entrar com uma ação ao julgar que os interesses equatorianos estão sendo afetados. Porém o que se contesta é a forma de fazer, intensamente populista, desnecessária e burra.

Brasil e Equador são países amigos, sempre foram. Correa é um presidente de esquerda, teve desde a campanha eleitoral o apoio do presidente Lula. Tem acesso fácil ao governante brasileiro, poderia discutir pessoalmente a questão, poderia procurar autoridades diplomáticas brasileiras no Equador, poderia facilmente tentar um acordo novo, que julgasse legal e que considerasse bom para as pretensões do Equador. Mas infelizmente o presidente Rafael Correa não fez isso.

Preferiu jogar para a platéia, anunciou a decisão de não pagar a dívida em um ato público, sem notificar o governo brasileiro da decisão. É uma atitude populista do governante do Equador, questões como essas devem ser resolvidas entre governos, e as coisas ficam mais fáceis entre governos com boa relação, ainda mais em governos que compartilham, teoricamente, de mesmas posições ideológicas. Correa procedeu de forma errada por má-fé, procedeu assim pelo motivo de que assim se ganha mais votos, porque pode passar para o público que o Equador não irá se render ao "imperialismo brasileiro".

É o mesmo erro que nós sempre aplaudimos e pedimos em terras tupiniquins, e nunca imaginamos isso como uma política enganadora de um governo populista. É ainda mais triste que a esquerda latino-americana, que ainda representa o pouco da decência que sobra em nossos políticos e tem a maioria dos bons quadros na região, e falo da centro-esquerda, na esquerda que está com Lula, na esquerda mais européia, social-democrata, tenha muitas vezes caído na armadilha armada por políticos populista como Correa. Aliás, importante salientar, populismo não faz diferenciação entre esquerda e direita, como já foi dito, "Gosta tanto de pobre que os multiplica", mas na América agrega políticos que vão de Paulo Maluf a Hugo Chávez, e está presente em muitas ações de pouca funcionalidade e grande apego midiático de qualquer governo da região, seja Lula ou Uribe.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Síndrome da Carne de Vaca Eleitoral




Eu sempre gostei do agora presidente-eleito dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, mas gostava muito mais de Obama quando ele era um desconhecido senador do estado de Illinois, e só se falava em Hillary Clinton. Claro que o candidato a presidência saíria do Partido Democrata, John McCain, um veterano de guerra, senador assim como Obama, ou qualquer outro candidato republicano estaria fadado ao fracasso nas urnas, é a herança deixada após 8 anos de um saturado governo Bush. Por isso torcia por Barack Obama, pois sabia que se fosse o candidato democrata venceria, claro que o apelo de um presidente negro faria a campanha crescer ainda mais e tornaria a eleição histórica, eu confesso que além disso, tinha uma simpatia pelo seu irônico nome, um nome árabe, com sobrenomes que remetem aos dois maiores inimigos dos EUA, seria demais para a sucessão de George W. Bush. Mas a Obamania me irrita...

Hillary teria personalidade na Casa Branca, mas mulheres de ex-presidentes já tivemos aos montes no mundo, e todos sabemos que as administrações ficam marcadas pela sombra de seus maridos, o mesmo vale para viúvas de ex-presidentes. Algumas mulheres também governam como homens, não são mulheres que estão no poder, são machos, e muito machos, tanto quanto Edinanci Silva ou Rebecca Gusmão, como exemplos: Margareth Thatcher, Angela Merkel, Yeda Crusius (sai capeta!!!).

Mas se não haveria um (desculpa governadora) novo jeito de governar por ser a ex-primeira-dama a primeira mulher a assumir o posto mais cobiçado da América, também não haverá por Obama, e quem anseia por isso, terá uma grande frustação, o novo presidente não será muito diferente de outros, haverá mudança, palavra central de sua campanha, mas nada muito fora do habitual.

O próprio fato de um presidente negro é uma evolução natural, não um efeito isolado, o presidente Bush, por exemplo, teve dois negros fundamentais em seu mandato, os dois secretários de estado de sua administração foram de origem afro, e a Condoleezza Rice ainda somava a condição de mulher, mas isso não foi motivo para ser diferente de um homem branco conservador e bélico como o vice-presidente Richard Bruce "Dick" Cheney, já o ex-secretário e general da reserva Colin Powell, figura importante da primeira parte da admisnitração Bush, é um negro consagrado, veterano de guerra, comandante da ação militar na primeira Guerra do Golfo e um pacifista nato, foi meio como um peixe fora d'água depois de um tempo no governo Bush.

Espera-se que Obama mude a política internacional, que dê segurança para a economia, que mude a política em relação aos imigrantes, que retire as tropas do Iraque, espera-se tudo de Obama, força e apoio popular ele possui, vontade parece que também... Ele é o homem certo para as mudanças, não por ser Barack Obama, mas pelo contexto em que foi eleito. Dá pra se dizer que como em 2002 no Brasil, a "esperança venceu o medo", mas seguindo na mesma linha, agora "deixa o homem trabalhar".