sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Populismo - um mal latino-americano

Um dos maiores males da América do Sul é o populismo que volta e meia assola a região. Lia a pouco na versão online do espanhol El País que o governo brasileiro chamou o embaixador do país em Quito para consultas, em outras palavras isso significa que, por hora, não temos embaixador no Equador. A decisão brasileira foi tomada devido à decisão do governo Rafael Correa de recorrer a cortes internacionais para o não-pagamento de uma dívida de US$ 242,9 milhões do Equador com o BNDES, adquiridos para a construção de uma hidrelétrica em São Francisco. Segundo o governo equatoriano, a dívida contraída por meio da construtora brasileira Odebrecht, que seria de R$ 320 milhões, é "ilegítima e ilegal"; em nota o banco estatal brasileiro disse que seguiu as normas estabelecidas no contrato, que foi aprovado pelo congresso equatoriano.

Sem juízo de valor, está correto Correa de questionar qualquer contrato, independente a ter ou não razão. Ele é o mandatário do Equador, é um chefe de governo, foi eleito para defender as posições de seu país e acerta ao entrar em uma corte, como a Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, para defender os interesses do Equador. Por mais que seja o contrato legal como o BNDES afirma, está certo o presidente equatoriano entrar com uma ação ao julgar que os interesses equatorianos estão sendo afetados. Porém o que se contesta é a forma de fazer, intensamente populista, desnecessária e burra.

Brasil e Equador são países amigos, sempre foram. Correa é um presidente de esquerda, teve desde a campanha eleitoral o apoio do presidente Lula. Tem acesso fácil ao governante brasileiro, poderia discutir pessoalmente a questão, poderia procurar autoridades diplomáticas brasileiras no Equador, poderia facilmente tentar um acordo novo, que julgasse legal e que considerasse bom para as pretensões do Equador. Mas infelizmente o presidente Rafael Correa não fez isso.

Preferiu jogar para a platéia, anunciou a decisão de não pagar a dívida em um ato público, sem notificar o governo brasileiro da decisão. É uma atitude populista do governante do Equador, questões como essas devem ser resolvidas entre governos, e as coisas ficam mais fáceis entre governos com boa relação, ainda mais em governos que compartilham, teoricamente, de mesmas posições ideológicas. Correa procedeu de forma errada por má-fé, procedeu assim pelo motivo de que assim se ganha mais votos, porque pode passar para o público que o Equador não irá se render ao "imperialismo brasileiro".

É o mesmo erro que nós sempre aplaudimos e pedimos em terras tupiniquins, e nunca imaginamos isso como uma política enganadora de um governo populista. É ainda mais triste que a esquerda latino-americana, que ainda representa o pouco da decência que sobra em nossos políticos e tem a maioria dos bons quadros na região, e falo da centro-esquerda, na esquerda que está com Lula, na esquerda mais européia, social-democrata, tenha muitas vezes caído na armadilha armada por políticos populista como Correa. Aliás, importante salientar, populismo não faz diferenciação entre esquerda e direita, como já foi dito, "Gosta tanto de pobre que os multiplica", mas na América agrega políticos que vão de Paulo Maluf a Hugo Chávez, e está presente em muitas ações de pouca funcionalidade e grande apego midiático de qualquer governo da região, seja Lula ou Uribe.

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