sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um Grenal sem sal em um dia marcante

Grenal é Grenal e vice-versa, já diria o grande “filósofo” Jardel, um dos atacantes mais marcantes da história do Imortal Tricolor, o meu último grenal foi um pouco diferente, o mais desamparado de minha existência. Ver um Grenal sozinho não é uma experiência legal; enquanto os reservas do Grêmio empatavam com o multimilionário time colorado em pleno Beira-Rio, eu no meu segundo dia de volta para Santa Maria, ainda sozinho no apartamento, assistia ao jogo pela televisão na companhia da tenebrosa narração de Paulo “Feitoooo” Brito. É bem verdade que ouvir no rádio poderia ser ainda pior, jogo no rádio é sinal de emoções à flor da pele, e um clássico no rádio é um perigoso teste para cardíaco (e minha alimentação dos últimos dias ainda aumenta potencialmente os riscos de um infarto), com o agravante de que estar sozinho impossibilita qualquer tipo de socorro.

Pois bem, ouvia o Grenal na solidão da noite santa-mariense, mas um jogo assim, mesmo que na nada importante Copa Nissan Sul-Americana, com o Grêmio poupando os titulares, não é um jogo para assistir sozinho, é para se olhar na companhia de amigos num bar, no estádio, com a família em casa, mas nunca sozinho numa noite fria e sem cerveja. Pela ocasião da data, sete meses de namoro, a saudade de alguém que no momento estava fisicamente distante me fazia me sentir ainda mais sozinho, não que ela gostaria de compartilhar a minha torcida pelo Grêmio, acho difícil, e pela importância do jogo, era capaz de nem eu ter visto se estivéssemos juntos.

Reclamar do árbitro, do gol anulado; xingar o bandeirinha; criticar uma marcação de um pênalti; ficar triste pelo gol do rival; torcer para que não tome o segundo; torcer para que faça o primeiro; e comemorar de forma efusiva o gol do teu time são emoções de uma partida, mas perdem a graça quando teus únicos companheiros são os fogos de artifícios e as vozes de Brito e Batista. Nem a esperança de ouvir os gritos de algum vizinho em algum dos gols foi concretizada, para que se satisfaze a vontade de que alguém também estava comigo, pelo menos na torcida, contra ou a favor, naquela hora.

Depois que equipe de Rudinei e Adílson empatou com a “seleção” de Daniel Carvalho e D’alessandro as coisas acalmaram-se, perder mesmo nessas situações ocasiona a indesejável corneta do dia seguinte; logo depois ainda recebi uma ótima mensagem de boa-noite, que me fez sentir melhor, afinal não estava mais sozinho e o Banguzinho não havia sucumbindo diante das estrelinhas de renome internacional e da torcida colorada; eu poderia dormir em paz; dormir? Não, fui escrever a presente coluna, e no momento Jabor, Zuenir Ventura e García Márquez convidam-me a uma boa leitura, além de ainda ter alguma coisa das Olimpíadas para olhar. Essa noite ainda nem começou e no embalo das minhas aulas de inglês, “She’s a child”.

Um comentário:

Débora disse...

Eu venho me abstendo de comentários desde a estréia do blog (leitora assídua, mas timidamente pouco participativa, hehe!), e uma postagem sobre futebol seria de longe a última a ser contemplada pelas minhas observações, mas... confesso, Luís, adorei o teu estilo especialmente nesta (nada como transudar emoções e convicções pessoais no que se escreve, hehe), a maneira como construíste e alternaste tua noite solitária em Sta Maria e as impressões sobre a partida. Conseguiu até superar minha falta de vontade e habitual nariz torcido para com o assunto - a despeito até da menção aos 7 meses!
Ah, e eu não poderia deixar passar: guarde a alusão a evento isquêmico cardíaco para daqui a, vejamos, uns 25 anos de dieta hipercalórica, álcool, stress numa redação de jornal e gre-nais, que tal? ;)

Miss ya, Mr. Zasso!